Bobadilla, do São Paulo, é convocado a depor por suposto caso de xenofobia na Libertadores

Escrito em 29/05/2025
Redação São Paulo - Jogo de Hoje

Jogador do Talleres alega ter sido ofendido com termo xenofóbico durante partida; volante tricolor deve se apresentar à delegacia nesta sexta-feira



Bobadilla, volante do São Paulo — Foto: Foto: Erico Leonan/São Paulo FC

O volante Damián Bobadilla, do São Paulo, foi intimado pela Polícia Civil a prestar esclarecimentos após ser acusado de xenofobia pelo jogador Miguel Navarro, do Talleres, da Argentina. O depoimento está marcado para a tarde de sexta-feira, segundo informou Rodrigo Correa Baptista, delegado da DRADE (Delegacia de Repressão aos Delitos de Intolerância Esportiva).

De acordo com Navarro, Bobadilla teria o chamado de "venezuelano morto de fome" durante o confronto entre as equipes pela Copa Libertadores. O atleta do Talleres registrou boletim de ocorrência ainda no estádio Morumbis, após o término da partida. No entanto, o jogador do São Paulo já havia deixado o local antes de ser localizado pela Polícia Militar.

“Esperamos que ele compareça. Foi intimado para estar aqui na próxima sexta-feira, no período da tarde. Também solicitamos imagens ao São Paulo. Agora, precisamos confrontar tudo isso. As imagens que vão chegar. Se identificamos algum jogador que no momento estava próximo do Navarro e do Bobadilla. Ver eventuais versões de outras pessoas”, relatou o delegado.

A versão de Navarro foi confirmada por duas testemunhas, segundo Baptista. O árbitro da partida relatou não ter presenciado a fala, apenas tendo conhecimento do episódio por terceiros. Policiais que estavam no estádio também foram ouvidos no inquérito.

“A vítima, que é o Navarro, foi encaminhada à delegacia, ouvimos ele. Falou que ouviu essa frase em espanhol do Bobadilla. Duas testemunhas confirmaram a versão da vítima. O árbitro disse que não presenciou nada do ocorrido, só antes ou depois do episódio. Os policiais militares foram ouvidos também. Agora precisamos ouvir o Bobadilla. É importante. Precisamos confrontar o que ele tem a dizer com o que já tem no inquérito policial”, completou o delegado.

A ausência de Bobadilla no momento da confecção do boletim será investigada. “Se o policial tivesse próximo a ele, ele tivesse saído correndo, seria outra coisa. Mas ele deixou o local antes da presença policial. Temos de analisar. Ele vai ser perguntado sobre isso, se tinha algum motivo para tomar essa ação, porque ele deixou o local. Ele vai falar o que for conveniente a ele em sua defesa e tendo de produzir prova neste sentido, também. De um eventual álibi”, acrescentou.

Rodrigo Correa Baptista explicou ainda que a intimação possui caráter obrigatório, e que o não comparecimento pode prejudicar a situação do jogador.

“A intimação é uma ordem legal, que um delegado de polícia ou outra autoridade expede para que uma pessoa compareça. Existe uma ordem legal e ele tem de comparecer e prestar sua versão sobre o fato. Se não comparecer, começa a agravar a condição dele como investigado, porque a investigação policial precisa prosseguir. É um fato grave, está sendo apurado e o Estado tem de encaminhar essa investigação”.

Segundo ele, o depoimento do atleta é fundamental, inclusive para sua própria defesa.

“É parte importante a oitiva dele, inclusive interesse próprio dele enquanto investigado se defender disso. A gente espera e acredita que por ser um atleta profissional de um grande clube, eles não vão se opor, criar qualquer tipo de situação para atrapalhar a investigação criminal, até porque seria uma medida irracional que só vai atrapalhar a vida do investigado”.

A Conmebol, por sua vez, já iniciou um processo disciplinar para investigar o caso. Se confirmada a conduta, Bobadilla pode ser suspenso de competições organizadas pela entidade. No Brasil, casos de xenofobia são tratados como injúria racial, crime equiparado ao racismo, com pena prevista de dois a cinco anos de prisão.

“O crime apurado é de injúria racial, prevê pena de 2 a 5 anos de reclusão. É inafiançável e imprescritível. Precisamos apurar com toda cautela e rigor possível, como qualquer investigação criminal que aconteça”, finalizou o delegado.

Fonte: Jogo de Hoje 360



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